Diamantino

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6/1/20234 min read

Diamantino Matamouros is a talented footballer, but very naive about everything happening around him. The main character was originally supposed be a woman inspired by those celebrities who adopted internationally, like Angelina Jolie and Madonna. But the directors decided to make it about Portugal instead. Thats when they got the idea to make the story about a football player and turn the whole film into a satire of Cristiano Ronaldo’s more superficial aspects: his vanity, wealth, and that unique Madeiran way of speaking. Diamantino is not from Madeira, but from the Azores.

Detached from reality when he’s on the pitch, Diamantino can only think of two things: fluffy puppies and, of course, victory. After a traumatic episode, he loses his agility on the pitch and sees his career go down the drain. He seeks a new purpose in life and has to deal with topics he had never thought about, such as the refugee crisis, neo-fascism, manipulation, and nationalist and Islamophobic ideologies - symbolized by his surname “Matamouros” (“Islamabattoir”). The film also criticizes our reality today, with references to some world leaders and their policies. Some scenes allude to former American president Donald Trump and his idea of building a wall, which in this film would be a way to prevent the Moors from coming to Portugal. It’s also obvious the reference to Trump’s campaign slogan, in this film adapted to: “Make Portugal Great Again”. Diamantino looks like a puppet in the hands of a political party that wants to use him for publicity, because the player is one of the national symbols.

This Portuguese-Brazilian-French film directed by Gabriel Abrantes and Daniel Schmidt won the Grand Prize of the Critics Week and the Palme Dog at the 2018 Cannes Film Festival. It’s a sci-fi and dramatic comedy that uses humour to tackle serious topics. On the pitch, giant fluffy puppies run with Diamantino, and other bizarre things like that happen throughout the film.

When I started watching the film, I thought it was just about football because at first its focus is on creating a legendary football character, a playful satire of Cristiano Ronaldo, without the intention of ridiculing the image of the Portuguese ace. Diamantino is presented as an ignorant and foolish man, who’s controlled by his evil twin sisters trying to steal from him and take his assets for money laundering. After an event involving refugees, Diamantino is shocked by the situation and deeply shaken, so he decides to quit football to take care of a child. Then, he publicly declares: “I want to adopt a refugee kid myself and give him everything this world has to offer”.

It may just seem like a funny and ridiculous film, but Diamantino talks about much deeper and human themes. It’s necessary to read between the lines and see beyond what our eyes can see.

Diamantino Matamouros um craque do futebol e uma pessoa ingénua em relação ao que se passa à sua volta. Este personagem principal inicialmente era para ter sido uma mulher inspirada em celebridades que fizeram uma adoção internacional, como Angelina Jolie e Madonna, mas os seus realizadores decidiram focar-se em Portugal e daí surgiu a ideia de centrar a história num jogador de futebol, transformando o filme numa sátira a Cristiano Ronaldo nos seus aspectos mais superficiais, como a vaidade, a riqueza e a sua forma muito própria de falar, enquanto madeirense. Diamantino não é madeirense, mas açoriano.

Abstraído da realidade, quando está em campo, Diamantino só pensa em duas coisas: cãezinhos felpudos e, claro, a vitória. Após um episódio que o deixa profundamente abalado, perde a agilidade em campo e vê a sua carreira ir por água abaixo. Busca um novo propósito de vida e depara-se com assuntos sobre os quais nunca antes havia pensado, como a crise dos refugiados, o neofascismo, a manipulação e as ideologias nacionalistas e islamofóbicas - aqui simbolizado pelo seu sobrenome “Matamouros”.,O filme é também uma critica à realidade atual, fazendo referência a alguns líderes mundiais e às suas políticas. , Algumas cenas, fazem alusão ao presidente norte-americano, Donald Trump e à sua ideia de construir um muro, que no filme em questão, serviria para evitar a entrada de mouros em Portugal. É ainda óbvia a referência ao slogan de campanha de Trump, aqui alterado para “Make Portugal Great Again”. Diamantino aparece como uma marioneta nas mãos de uma máquina partidária que o quer usar para fazer publicidade, já que o jogador é um dos símbolos nacionais.

Este filme luso-brasileiro-francês, realizado por Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, venceu o Grande Prémio da Semana da Crítica e o Palme Dog no Festival de Cannes de 2018. Trata-se de uma ficção-científica e comédia dramática em que se brinca com assuntos sérios. Em campo, cãezinhos felpudos gigantes correm juntamente com Diamantino e mais outras coisas bizarras, como essa, acontecem ao longo do filme.

Quando comecei a ver o filme, achei que fosse apenas sobre futebol, pois os primeiros momentos são voltados para a criação de uma figura lendária do futebolista, fazendo uma sátira a Cristiano Ronaldo, mas em tom de brincadeira, sem querer ridicularizar a imagem do craque português. Apresentam Diamantino como um homem ignorante e tolo, controlado pelas suas malvadas irmãs gémeas que tencionam roubá-lo, fazendo com os seus bem uma lavagem de dinheiro. Após um acontecimento com refugiados, Diamantino fica chocado com a situação e profundamente abalado, e decide largar o futebol para cuidar de uma criança e, em seguida, declara publicamente: “quero adotar um refugiadinho só para mim e oferece-lhe tudo de bom deste mundo”.

Pode até parecer apenas um filme cómico e ridículo, mas Diamantino aborda temas muito mais profundos e humanos.

É preciso ler nas entrelinhas e ver para além do que os nossos olhos conseguem abarcar.